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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


As infiltrações do medo nos discursos institucionais

Autores:
Luiz Antonio Ferreira (PUC-SP - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO)

Resumo:

Como figurativizamos o mundo de forma bastante razoável e o vemos de forma apaixonada, atos retóricos competentes mobilizam paixões diversas e podem, portanto,  disseminar o medo com o intuito claro de alterar comportamentos, uma vez que essa paixão, a despeito da intensidade com que seja apresentada, é sempre verossímil. Neste trabalho, valemo-nos de um conceito operacional do discurso do medo: aquele que se infiltra histórica, política, cultural e socialmente nos meios midiáticos para exacerbar o temor das e nas instituições. Preservado por sua natureza terrificante, o medo dissemina-se, como produto elaborado no seio do discurso do exterior para o interior do homem e, de modo recíproco, mas não simétrico, do interior para o exterior. É possível reconhecê-lo quando ocupa um vazio retórico e o preenche com argumentos de natureza histórica, filosófica, social, antropológica ou essencialmente subjetiva. Essa concepção de medo, que intenta abolir o tempo da consciência, atua, sobretudo, no fluir do tempo e se mostra como uma afecção capaz de mudar o destino. É, enfim, um fenômeno que, exteriorizado pela vestimenta da palavra, abala poderes, saberes e até deveres. Por meio da análise de charges divulgadas pela Internet, pretende-se, com o auxílio dos estudos ligados às paixões, sobretudo os de Aristóteles e de Michel Meyer em Retórica das Paixões, demonstrar como o medo se infiltra institucionalmente, por meio de uma retórica plenamente articulada, no seio das instituições Igreja e Escola.