Este trabalho, resultado parcial de uma pesquisa em andamento, intenciona analisar os enfrentamentos de uma turma do curso de Pedagogia de uma universidade pública, vinculada ao PARFOR, no que tange às práticas de escrita vivenciadas por eles ao longo do curso. Esta pesquisa, qualitativo-interpretativista e etnográfica, focaliza as apreciações valorativas desses estudantes, já professores, acerca das dificuldades de inclusão nas práticas cotidianas de escrita universitária e acerca do trabalho desenvolvido pelo professor universitário no ensino de gêneros da esfera acadêmica. Em termos metodológicos, aplicou-se um questionário semiestruturado (respondido por escrito por 10 estudantes em 2016), realizaram-se dois focais (o primeiro com 7 estudantes em 2016 e o segundo com 4, em 2017) e, por fim, empregou-se outro questionário semiestruturado (respondido oralmente em videogravação por 3 estudantes em 2018); entretanto, aqui, analisou-se apenas esse último dispositivo – a videogravação. Como se trata de pesquisa longitudinal, prevê-se a realização de outros encontros com tais estudantes até que concluam o curso. Entendendo que as práticas de escrita são práticas sociais situadas em esferas discursivas não isentas de relações hierárquicas, ideológicas e de poder, ancora-se esse debate nos Estudos do Letramento, na Teoria da Enunciação e em pesquisas que imbricam a formação docente e o letramento acadêmico. Como ocorrera nas primeiras etapas da pesquisa, as apreciações valorativas produzidas nas três videogravações indicam existirem “dimensões escondidas” entre a solicitação e a produção de gêneros acadêmicos, como artigos, resenhas e projetos de pesquisa, cuja escrita é estimulada/ demandada sistematicamente pelos professores universitários de modo bastante diversificado. Embora as apreciações valorativas indiquem a aquisição de mais experiência com essa modalidade, a pressuposição de que os estudantes não só devem conhecer como ainda dominar de antemão tais gêneros é um fator dificultador de vivências significativas de escrita, porque minimiza-se o espaço do próprio ensinar no âmbito universitário.