A FIGURA FEMININA E SUAS REPRESENTAÇÕES TEXTUAL-DISCURSIVAS EM TEXTOS DO JORNAL O PORVIR (CURRAIS NOVOS/RIO GRANDE DO NORTE – 1926-1929) | Autores: Karla Geane de Oliveira Gomes (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) |
Resumo: O presente trabalho parte do princípio de que as representações textual-discursivas são atividades de textualização operacionalizadas nos e pelos textos e interpretadas semanticamente. O quadro geral que orienta a pesquisa é o da Análise Textual dos Discursos, uma abordagem teórica e descritiva do campo da Linguística Textual proposta por Adam (2011), focalizando o conceito de representação discursiva. Traz a noção de representação textual-discursiva a partir da interlocução entre os trabalhos de Adam (1999, 2008, 2011) e os de Grize (1996, 1997). O objetivo é examinar as representações textual-discursivas da figura feminina em textos do jornal O PORVIR (1926-1929). A metodologia consiste em uma pesquisa documental, de métodos mistos, com uma estratégia de investigação concomitante (CRESWELL, 2010). Os dados são uma coletânea de 10 textos selecionados nesse periódico. Para a análise dessas representações, utiliza operações de textualização específicas: referenciação, modificação da referenciação, predicação, modificação da predicação e conexão. Os resultados apontam diferentes representações textual-discursivas da figura feminina, entre elas, como mãe, no ambiente da vida familiar. Essa representação textual-discursiva mais abrangente evidencia duas perspectivas distintas na continuidade textual, quais sejam: a mãe romântica, idealizada, mais próxima dos papéis prototípicos da figura da mãe já instaurados socialmente; e a agente social, responsável pela formação da família e pela preparação dos sujeitos para constituir a sociedade. A figura feminina, como mulher, aparece em sua forma romântica, idealizada e também inserida no âmbito religioso. Tem por base, ainda, o seu contexto geográfico e a perspectiva negativa dessa figura, a partir da qual recebe qualificação com atributos depreciativos. Há, todavia, representações textual-discursivas da figura feminina relacionadas à faixa etária, ao comportamento feminino e aos processos de tornar-se eleitora, conquistando o direito ao voto. Trata-se de representações (re)construídas consoante cadeias referenciais complexas, instauradas textualmente segundo estratégias linguísticas diferentes.
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