O Funcionamento da Memória no Museu de Memes | Autores: Celia Bassuma Fernandes (UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro-Oeste) |
Resumo: Pensar no funcionamento do espaço digital demanda compreender não apenas os novos tipos de relações estabelecidas nele/por ele, mas também o modo como os discursos irrompem e circulam nesse espaço de produção de sentidos e que se materializam em uma ampla variedade de tipos de textos, dentre eles, os memes. Essas peças de linguagem (ORLANDI, 1996) se replicam e multiplicam numa grande velocidade, sempre que um acontecimento vem romper com o já instituído, produzindo efeitos de sentido de humor, de ironia e de equívoco. Mais recentemente, os memes vêm constituindo, também, um discurso de resistência, na medida em que linearizam, no eixo da formulação, dizeres que não poderiam ser ditos sob outras condições de produção. Pensando na efemeridade desse tipo de texto e do espaço digital, a Universidade Federal Fluminense criou o #MUSEUdeMEMES, para salvaguardá-los, assim como tudo o que já foi produzido sobre eles, nos mais diferentes domínios do saber. De acordo com o site que o hospeda, esse webmuseu constitui um ponto de referência para pesquisadores que se interessam por esse tipo de texto e pelos estudos do humor e das práticas de construção de identidades e de representações em comunidades virtuais. Neste trabalho, respaldado pela teoria materialista do discurso, pretendemos discutir o funcionamento da memória nesse webmuseu. Compreendemos que a memória que ele “guarda” não é a mesma guardada por um museu tradicional, já que há um rompimento com a repetição e a instauração do equívoco e, logo, a desestabilização dos sentidos. Além disso, discutimos como se dá o imbricamento da memória da máquina e da memória discursiva, tendo em vista que esse tipo de texto se replica pelo funcionamento da primeira, mas faz sentido, porque o dito/visto está inscrito na memória marcada por lacunas e falhas.
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