Atualmente, ainda são produzidas discussões teóricas sobre o ensino-aprendizagem da Leitura da Língua Portuguesa por Surdos com premissas como: a leitura do português escrito deve ocorrer por meio da tradução para a Libras ou a leitura da Língua Portuguesa deve ocorrer sem a sua interferência. Apesar isso, parece ser consensual que a inclusão linguística, pedagógica e social dos surdos deve passar pelo aprendizado da língua escrita como meio de empoderamento, de agência e de potencialização das escolhas desses sujeitos. Esse trabalho teve como objetivo socializar práticas nas quais se considerou que a concepção de leitura da Língua Portuguesa precisou ser descontruída, uma vez que os estudantes primavam por uma prática de decodificação de símbolos, que ocorria entre palavra-sinal. Para que isso fosse possível foram realizadas práticas pedagógicas centradas na leitura de livros paradidáticos e de pesquisas escolares, durante cerca de dois anos, realizadas por turmas do ensino fundamental, em uma escola pública, que culminaram em diversas produções. Por meio desse trabalho foi possível reunir dados que apontam: 1) Que a concepção de leitura da Língua Portuguesa deve transgredir para além do significado das palavras isoladas e considerar o contexto nos quais estão inseridas; 2) Que os sentidos e significados das mensagens escritas devem ser negociados em Libras por ser a língua de pensamento das pessoas surdas; 3) Que a leitura de mundo deve ser considerada e ampliada nas práxis pedagógicas, para que a leitura ganhe uma dimensão desejável, na autonomia e competência leitora dos estudantes surdos.