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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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Cruzando por entre florestas movediças na canção Fábula Trancosi da banda Gato Zarolho: em busca dos arcanos intertextuais por trás da narrativa-música

Autores:
Dara Maria Alves Melo (UFAL - Universidade Federal De Alagoas ) ; Jaiane Beatriz Cavalcante dos Santos (UFAL - Universidade Federal De Alagoas )

Resumo:

O olhar enviesado sob o qual as canções são criadas; a mistura de gêneros musicais; as referências literárias que se coadunam às composições; as imagens inusitadas que são concebidas a partir da escuta das canções; a criatividade e o cuidado em relação à conexão/desconexão entre letra e ambientação sonora são peculiaridades da banda Gato Zarolho que, com seu estilo “vesgo” de pensar a música, encanta e integra o cenário da música alternativa alagoana. Olho Nu Fitando Átomo (2009), primeiro disco lançado pela banda, é composto por onze faixas. Neste trabalho, de natureza bibliográfica e qualitativa, realizamos uma leitura-escuta da canção Fábula Trancosi - décima faixa do referido álbum - composta por Marcelo Marques, compositor e vocalista da banda. Fábula Trancosi versa, em formato de epopeia, a história de Trancosus, que é anunciada pelo cantor, no álbum, com a frase “Esta é sobre como Trancosus encontrou em sonho o que buscava”. A canção faz referências intertextuais a obras da literatura como Clavis Prophetarum, do Padre Antônio Vieira e o Mutus Liber (Livro mudo) cuja autoria permanece anônima; aponta para o que seria um desvendar de mistérios - busca alquímica - empreitada para qual Trancosus se preparou durante sua vida; e faz, ainda, referência à mitologia grega. Além disso, o arranjo musical apresenta rastros medievais, o que ajuda a tecer a atmosfera lendária que interage com o próprio título da canção. Nesse sentido, a presente pesquisa procura efetuar uma leitura-escuta de Fábula Trancosi, direcionando o olhar tanto para a letra quanto para o arranjo musical. Ademais, buscamos dar notoriedade a música regional alagoana e contemporânea. Como aporte teórico utilizamos Bakhtin (1981; 1993; 1997), Kristeva (1969), Fiorin; Barros (1999), Sant’ Anna (1997), Tatit (2004), Wisnik (1999), entre outros.