Dentre as crônicas produzidas na Belle Époque carioca, destacam-se as dos escritores Lima Barreto e João do Rio, cujos textos este trabalho irá analisar, a fim de apresentar o conceito de modernidade, na perspectiva de Walter Benjamin (1987), Siegfried Kracauer (2009) e Georg Simmel (2009).
Através da leitura e análise das crônicas, será observado o impacto das reformas estruturais da cidade na composição da experiência subjetiva, ou seja, como ocorre a modificação da percepção e como o novo, característica da modernidade, traz em si um processo contínuo de dessubjetivação do sujeito, que se vê engendrado pela lógica do consumismo, o qual constrói uma cultura de reconfiguração do espaço urbano, que passa a apresentar um quadro de exclusão de pessoas economicamente desfavorecidas e a reforçar a divisão de espaços sociais entre emergentes e desfavorecidos. Na perspectiva de Gumbrecht (1998), há o “observador de segundo grau”, o que passa a ser sujeito e objeto das mudanças ocorridas que, por sua vez, promovem a desconstrução e fragmentação de seu conteúdo subjetivo e emocional, que o remete a uma atitude de defesa em relação ao caos ao seu redor. Ocorre, assim, uma postura “blasé”, nas palavras de Simmel - uma atitude indiferente para com os elementos exteriores a si, que homogeneízam e possibilitam ao indivíduo sua sobrevivência em meio aos estímulos.
A metodologia do trabalho é analítica e prevê a apresentação de crônicas que venham ao encontro da reflexão proposta. O aporte teórico está sustentado em Walter Benjamin, Siegfried Kracauer e Georg Simmel, além de Ben Singer e Jonathan Crary. Como resultados, busca-se levantar discussões e análises sobre os conceitos teóricos abordados, sobretudo o de dessubjetivação do sujeito na modernidade.