Este trabalho é resultado de uma pesquisa de mestrado finalizada sobre as relações entre artes visuais e literatura infantil e tem como objetivo anunciar o conceito de “O livro em atividade”. Sua concepção surge da ideia de livro como objeto estético inconcluso e predisposto à atividade e interferência do leitor, aproximando-o da ideia do livro inacabado e indefinível, a ser interpretado e modificado pela criança, responsável pelo seu prosseguimento e exploração. Para tanto, toma-se o “livro de artista de edição”, como uma obra das artes visuais que faz uso da metalinguagem para descrever o objeto livro por meio da sua autocitação material e simbólica. A estética das produções artístico-literárias contemporâneas inclui nesta categoria uma modalidade especialmente direcionada à infância, o “livro de artista para crianças”. A fundamentação teórica pauta-se, principalmente, nos estudos de Paulo da Silveira, Amir Brito Cadôr e Rui de Oliveira, para os livros de artista e os livros ilustrados; e nas concepções de Ana Mae Barbosa e John Dewey para o ensino da arte. O corpus selecionado integra a “Coleção Livro de Artista” da Biblioteca Central da UFMG. A metodologia constitui-se pela análise comparativa entre os livros de artista e os livros ilustrados, tomando como base proposições advindas das obras das artes visuais, tais como: a metalinguagem da forma, o sistema de montagem do objeto livro, as narrativas inusitadas e os jogos verbovisuais. Observa-se como resultados finais que o conceito do livro de artista em atividade enfatiza na produção editorial a ficcionalidade e a brincadeira por meio da incorporação do objeto livro à sua narrativa e materialidade, ao jogo e à ação do leitor, exaltando-o na sua condição de objeto literário e plástico, revelando poéticas capazes de abrir para o leitor novos pontos de vista e oportunidades de envolvimento com o livro, a arte e a literatura.