Quando a cultura de massa e a literatura canônica se encontram: “Brasiliana Steampunk” e o projeto transmidiático de formação literária do jovem leitor | Autores: Fabiana Valeria da Silva Tavares (USP - Universidade de São Paulo) |
Resumo: A Literatura Infantil e Juvenil é, dentre muitas definições, aquela que dá liberdade para o questionamento do status quo e que abre espaço para a criação de novos gêneros literários que atendam às demandas das rápidas mudanças ocorridas nos últimos anos. Nas possibilidades multifacetadas encontra-se, como subgênero da fantasia e da ficção científica, o steampunk – também denominado retrofuturismo. Advindo do cyberpunk, o steampunk lida com tramas fantásticas de aventura e suspense ambientadas no final do século XIX e na aurora do século XX, em cenários vitorianos modificados por maquinários movidos a vapor e com base em tecnologia futurista, que originalmente não existe na época narrada. No Brasil, o gênero deu origem a romances inéditos, como os de Gerson Lodi-Ribeiro (2010) e de A.Z. Cordenonsi (2015), mas é no projeto nacionalista de Enéias Tavares que concentramos nossa atenção. “Brasiliana Steampunk” traz, em seu primeiro volume, enredo de mistério ambientado na Porto Alegre de 1911, em cujo céu circulam zepelins e em cujas ruas esconde-se o assassino Dr. Louison, a quem a liga de personagens caça. Trata-se de romance juvenil que traz à luz personagens canônicas da literatura brasileira, como Isaías Caminha, Bento Alves, Rita Baiana, Leónie, Pombinha, Simão Bacamarte e Solfieri, dentre outros, numa nova roupagem, cujo resultado é história que pode (ou não) associar-se à conhecida narrativa de Jack, o Estripador. O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise que dê conta de demonstrar de que forma personagens, atmosfera e enredo resultam em literatura que promova letramento literário e até que ponto o projeto transmidiático do autor, que apresenta produtos como cardgames e material de apoio ao professor, permite formação crítica do leitor, estimula intertextualidade com os clássicos brasileiros e eleve, com estética própria, voz que o destaque de forma positiva, relativamente às obras que inspiraram o autor.
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