O ENSINO DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA BNCC: REFLEXÕES SOB A ABORDAGEM FUNCIONAL
O presente trabalho, centrado em uma perspectiva funcional da língua, cujo arcabouço teórico defende a variação, a mudança e a flutuação gramatical, tem como objetivo central estabelecer reflexões sobre como a BNCC trata o objeto de conhecimento, variação linguística, articulado à análise linguística/semiótica, no ensino fundamental. A partir da descrição e da análise das habilidades voltadas ao ensino da variação linguística, elencadas na Base, pretendemos, ainda, identificar em que medida essa proposta de ensino de língua portuguesa se vincula à concepção da linguística funcional centrada no uso. Alicerçados no compromisso teórico com a natureza inerentemente social da linguagem, apontaremos as oscilações entre o formal e o funcional no ensino de análise linguística. Para isso, tomamos como corpus da pesquisa a versão homologada da BNCC. O trabalho se fundamenta em aportes da Linguística Funcional Centrada no Uso, dialogando com autores como Martelotta (2011), Furtado da Cunha, Bispo e Silva (2013), Antunes (2009), e em aportes da Sociolinguística, com respaldo em estudos realizados por Camacho (2013), Tarallo (2005), entre outros autores. Os resultados até então obtidos demonstram que a BNCC aborda a variação linguística à luz de vários aspectos inerentes à concepção da linguística funcional, apontando para o estudo da língua nas diversas situações de uso, tendo o indivíduo como elemento central para as discussões linguísticas. Além disso, grosso modo, o corpus da pesquisa demonstrou enfocar o referido objeto de conhecimento mais expressivamente nos anos iniciais do que nos anos finais do ensino fundamental, o que revela a necessidade de uma uniformidade no que diz respeito ao ensino da variação linguística, de modo a contemplar todos os anos do ensino fundamental.
Palavras-chave: Linguística funcional. Variação linguística. Ensino de língua portuguesa. BNCC.