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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Ausência de concordância de gênero em small clauses livres: discordância ou concordância parcial?

Autores:
Christine da Silva Pinheiro (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo:

O objetivo do trabalho será apresentar, para além dos já atestados casos envolvendo nomes nus, um novo tipo de aparente ausência de concordância morfológica de gênero no português brasileiro: sentenças small clauses livres (doravante, SCLs)  sem concordância. Assim, ao lado de sentenças com nome nus em que não se atesta concordância morfológica visível de gênero entre sujeito e predicado como ‘(1) Cerveja gelada é bom’, apresentaremos casos de SCLs sem concordância como ‘(2) Lindo, essa história!’. Utilizando-nos da Teoria de Princípios e Parâmetros, no framework minimalista de teoria gerativa da gramática, por meio do método comparativo, apresentaremos os casos de aparente “discordância” relatados na literatura contrapondo-os ao paradigma das SCLs com e sem concordância visível. Os dados de língua natural apresentados são oriundos tanto da intuição de falante nativo (práxis da área) quanto da mídia. Através do método hipotético-dedutivo, apresentaremos uma hipótese de análise das SCLs sem concordância. As propostas feitas para sentenças contendo nomes nus (RODIGUES E FOLTRAN, 2013, 2014, 2015; RODRIGUES, FOLTRAN E CONTO (2016); CARVALHO, 2016, 2017; CARVALHO E BRITO. 2017) têm como cerne da análise a não projeção do nó determinante. Sendo assim, não são diretamente aplicáveis aos casos de SCLs sem concordância posto que os sujeitos são especificados, contendo um nome quantificado e quase sempre referencial como “essa história” em (2). A existência de sujeitos indeterminados diminui a gramaticalidade das SCLs. Sendo assim, apresentaremos uma proposta de análise alternativa a de Carvalho (2008, 2016, 2017) baseada em Ritter (2003) e Preminger (2014),  explicando a ausência de concordância como originada da concordância do adjetivo com um pronome cujo traço-phi, portaria exclusivamente o traço [class]. Esse pronome, seria um pronome do tipo impostor nos termos de Collins e Postal (2012) que formaria uma cadeia de U-disponibilidade (Collins e Postal (2012)) com o sintagma nominal à direita.