SUBJETIVAÇÕES E IDENTIDADE DOS PERSONAGENS NEGROS EM ÚRSULA DE MARIA FIRMINA DOS REIS: UMA PROPOSTA PARA A DESCOLONIZAÇÃO DO ENSINO DE LITERATURA NA EDUCAÇÃO BÁSICA | Autores: Glayce Kelly Cardoso Pires (UFG - Universidade Federal de Goiás) ; Vivianne Fleury de Faria (UFG - Universidade Federal de Goiás) |
Resumo: Repensar as práticas de ensino de literatura na educação básica em uma perspectiva descolonizadora exige um exercício de revisitação das tradições literárias, já que os currículos e os saberes institucionalizados, ao longo dos séculos, estiveram à serviço da colonização, e a literatura, enquanto peça eficiente deste processo, (CANDIDO, 2009) relegou ao silenciamento as vozes dissonantes. Neste contexto de invisibilidade ideológica se insere Maria Firmina dos Reis, escritora maranhense oitocentista que inaugurou na literatura brasileira a temática abolicionista por um viés humanista sem precedentes. Foi em meio a uma intelectualidade branca e masculina que a escritora negra publicou romances, contos e poemas. Úrsula (1859), publicado sob pseudônimo “Uma maranhense”, é o primeiro romance brasileiro de autoria feminina e o primeiro publicado por uma mulher negra em toda a América Latina. Nesta obra, os personagens negros são representados enquanto sujeitos, diferentemente das imagens caricaturais e subalternizadas tão comuns na maior parte da literatura abolicionista oitocentista. Logo, ao se considerar a literatura como um bem “incompreensível” e um direito inalienável de todos os brasileiros (CANDIDO, 2004), propõe-se aqui a inserção da produção literária de Maria Firmina dos Reis no contexto da educação básica, inclusão legitimada pela lei 10.639/2003 e pelos documentos curriculares que norteiam o ensino de Literatura na Educação Básica (DCNEB, 2013) bem como no arsenal teórico acerca de uma proposta de ensino de literatura que transcenda à função escolar (ZILBERMAN,2009) e consequentemente contribua para que os educandos consigam compreender melhor a si e ao mundo que os circundam (TODOROV, 2009). A análise da obra proposta está fundamentada nos estudos de BALSEIRO ZIN (2016); DIOGO (2016) e MORAIS FILHO (1975) com base nas reflexões acerca da escrita negra e feminina de EVARISTO (2007;2009) e DALCASTAGNÈ (2008;2009).
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