Sensíveis ao fenómeno do contacto de línguas e ao fenómeno da importação, conduzindo aos estudos contrastivos em neologia, defendemos a necessidade de uma distinção clara entre o estudo da criatividade lexical e o da evolução da língua. Porém, não negamos que a multiplicação das trocas internacionais enriquece constantemente as línguas, quer por um processo de criatividade interna, quer através dos empréstimos das línguas estrangeiras. Se as matrizes internas têm um papel de primeiro plano na evolução das línguas, fazendo-as pura e simplesmente viver, a matriz externa não é uma figura de segundo plano. Pelo contrário, esta tem um papel privilegiado no processo evolutivo das línguas, merecendo ser tratada sob o prisma do seu indubitável sucesso, tanto do ponto de vista linguístico como social.
Na presente comunicação, propomos observar alguns exemplos de criação lexical por empréstimo e/ou por importação, decorrendo do contacto de línguas, a partir de um corpus textual da imprensa, geral e de especialidade, do português europeu contemporâneo destas últimas décadas.A partir deste vasto corpus multidomínios, constituído ao longo dos últimos trinta anos, a análise de alguns exemplos conduzir-nos-á a interrogarmo-nos sobre o estatuto sociolinguístico dos empréstimos no português (e, por extensão nas línguas românicas) e a propormos tratá-los linguisticamente, sob o prisma de três matrizes: formal, semântica e pragmática.