Quando o passado condena: ethos e patemização em uma capa de revista
| Autores: Danielle Fullan (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) |
Resumo: Bertrand Cantat é um conhecido cantor e compositor francês. Em 2003, quando ainda estava à frente do grupo Noir Désir, envolveu-se em episódios de abuso de drogas e violência doméstica que culminaram com o homicídio de sua namorada Marie Trintignant. Após cumprir parte da pena, Cantat foi absolvido em 2010 iniciando um longo trabalho de reconstrução de sua carreira musical, agora como artista solo. O presente trabalho propõe uma análise argumentativa da capa da revista francesa Les Inrockuptibles publicada em 11 de outubro de 2017 e que tem o artista em questão como personagem de destaque à ocasião de lançamento do disco Amor Fati (2017). A partir dos diferentes ethé de Bertrand Cantat, buscamos identificar os efeitos patêmicos possíveis construídos a partir dos discursos textual e icônicos da capa. Para tanto, tivemos como referencial teórico-metodológico as reflexões de Amossy (2005, 2018), no que diz respeito à noção de ethos, o conceito de efeitos patêmicos de Charaudeau (2007), bem como o quadro de análise das imagens fixas proposto por Mendes (2013) para a análise da macrodimensão retórico-discursiva dos elementos icônicos que compõem a capa. Percebemos que, apesar de haver um claro esforço da revista em suscitar efeitos de simpatia e compaixão por Bertrand Cantat em sua reapresentação à vida pública, a capa não conseguiu desvincular o novo ethos do cantor daquele previamente partilhado na sociedade francesa.
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