A questão da arte tem sido palco de inúmeras manifestações, especialmente de agressão, por parte de grupos radicais como os liderados pelo Movimento Brasil Livre (MBL), criado em 2014 e autointitulado como uma organização de ativismo político brasileiro que busca defender o liberalismo. A exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, inaugurada pelo Santander Cultural em Porto Alegre (RS) sob a curadoria de Gaudêncio Fidelis, e a performance La Bête, realizada pelo coreógrafo Wagner Schwartz na abertura da Mostra Panorama da Arte Brasileira no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), foram alvo, em 2017, de protestos e agressões verbais conduzidos por grupos religiosos e integrantes do MBL. Além da polêmica instaurada nas redes sociais, esses grupos cometeram atos de violência física contra visitantes e colaboradores dos referidos museus, evidenciando o conservadorismo e a contradição de um movimento que se auto define como liberal, mas que atua pela censura e não pela liberdade e pluralidade de criação. A presente abordagem tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre os efeitos de sentido de comentários a respeito de uma NOTA DE ESCLARECIMENTO divulgada pelo MAM na rede social Facebook, em 28 de setembro de 2017. De modo particular, interessa-nos promover uma discussão sobre como as diferentes formações discursivas (FD) se relacionam a posições ideológicas que determinam e/ou limitam o que pode e deve ser dito (PÊCHEUX, 2009) sobre o papel da arte na sociedade, em comentários produzidos por alunos de um curso de licenciatura de uma universidade pública do interior do estado de São Paulo.