NEOLOGIA E A IDENTIFICAÇÃO GRUPAL EM LETRAS DO FUNK | Autores: Daniel Soares da Costa (UNESP - Universidade Estadual Paulista) |
Resumo: Este trabalho tem como objetivo fazer um levantamento e análise do uso de neologismos nas letras de funk. O movimento do funk brasileiro teve sua origem na música negra norte-americana da década de 1960, sendo um gênero musical advindo da mistura entre o soul music, o jazz e o rhythm and blues. De acordo com Amorim (2009), nas últimas décadas, o gênero, que tem como espaço mais atuante a periferia do Rio de Janeiro, ganhou batidas mais fortes e certo erotismo, manifestado, principalmente, por meio da dança. Atualmente, no Brasil, o gênero ganhou repercussão nacional, apesar de ainda ser mais forte na periferia carioca, e é um gênero musical fortemente ligado a questões sociais, tais como o cotidiano na periferia, nas favelas, bem como a questão da violência, das drogas e da exacerbação da sexualidade. Como gênero musical ligado a questões sociais, suas letras apresentam peculiaridades de uso que podem ser interpretadas como marcas de identificação social. Pudemos notar, na leitura de algumas letras de MCs, que, além do conteúdo global da letra, ocorre o uso de palavras específicas, que poderiam ser classificadas como gírias de identificação de um determinado grupo social. Em nossa análise, pudemos verificar que, em sua maioria, essas gírias são constituídas por neologismos, principalmente neologismos semânticos. Sendo assim, apresentaremos a análise que fizemos de um corpus constituído de neologismos retirados de letras de funk, tentando relacioná-los à caracterização do grupo social a que se referem (muitas vezes jovens da periferia, das favelas). Trata-se de um trabalho que envolve a interação entre duas áreas dos estudos linguísticos, a Neologia e a Sociolinguística, uma vez que analisa uso de palavras novas, relacionado a um tipo de variação linguística, as gírias de identificação grupal.
|
|