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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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“Sai (,) Hétero”: da linearidade da sentença ao processo discursivo

Autores:
Patricia Aparecida Camargo de Paula (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo:

Este trabalho tem por objetivo analisar o enunciado e o meme “Sai (,) hétero” a partir da análise discursiva da constituição do significante “hétero” e da estrutura sintática do enunciado, em diferentes discursividades.  Tomo como recorte, seus efeitos de sentido a partir de sua circulação e de seu uso contraditório, e equívoco, na rede social Facebook, na qual o meme tem circulado atualmente. Questiono, portanto, como esses efeitos de sentido do meme funcionam, a partir de uma imbricação entre imagem e escrita.  Para refletir sobre esse funcionamento, utilizei os conceitos mobilizados pelo campo da Análise de Discurso Materialista, pensando discursivamente a partir do funcionamento sintático do enunciado. A fim de olhar e analisar quais e como esses efeitos de sentido surgem a partir da repercussão do meme e de sua estrutura sintática, através de um posicionamento que toma o sentido como relação,  analiso como os sentidos estabilizados para o significante “hétero” dentro de sua dicionarização se confundem e se contrapõem aos sentidos atribuídos aos sujeitos identificados e predicados como “héteros”. A produção desses efeitos de sentido se instaura numa rede de memória que se constitui pelo silenciamento de “hétero” como uma outra orientação sexual, dado pela saturação e estabilização desse significante como “normal” e “natural” se contrapondo as diferentes sexualidades dentre a comunidade LGBTQI+. Com isso, a reflexão a partir da diferença entre silêncio e silenciamento se torna relevante para pensar de que maneira esse discurso "hostil" contra essa maioria (os heterossexuais) vêm produzindo sentidos, questionando como  se torna possível o meme possibilitar heterossexuais afirmarem a existência de “heterofobia”.  É nesse nó entre língua e história que tanto o silenciamento (como um "fazer esquecer") quanto o silêncio (como o esquecimento de que o sentido funciona antes) se apresentam como uma materialidade linguístico-histórica complexa.


Agência de fomento:
Pibic-CNPq