DISCURSIVIDADES SOBRE O 'ELDORADO' NA AMAZÔNIA NORTE MATO-GROSSENSE: UM OLHAR SOBRE O 'PLANTADOR DE CIDADES' | Autores: Keila Rejane Warmling (UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso) |
Resumo: A partir da década de 1970, surgiu um estímulo crescente à colonização da Amazônia Legal norte Mato-grossense que até então era tida enquanto uma região distante e inacessível, comumente sendo significada como espaços vazios. Nesse período, algumas propostas governamentais, tais como o PIN (Plano de Integração Nacional) ao lado de Incentivos Fiscais fornecidos pelo Governo Federal e dos Projetos de Colonização, foram relevantes ao processo de (re)ocupação da Amazônia. Destacamos ainda, a presença marcante do discurso jornalístico que circulou nesse período, significando a Amazônia como um lugar desabitado e longínquo, porém, um lugar ideal para abrigar os migrantes ja que este era tomado pelos discursos midiáticos enquanto o Eldorado de terras férteis e clima favorável ao cultivo agrícola, o que levaria ao enriquecimento daqueles que desejassem migrar. Para tanto, a partir dos relatos que circularam no período de fundação e (re)ocupação da Amazônia norte Mato-grossense, mais especificamente, àqueles referentes a cidade de Sinop-MT, objetivamos compreender, pela teoria materialista da Análise de Discurso, como a mídia jornalística produziu sentidos para este espaço através do funcionamento da memória e do silêncio. Nosso material de análise é constituído por relatos jornalísticos que circularam em jornais Mato-grossenses e Paranaenses na década de 70, além daqueles circulados na revista O Cruzeiro (1974) de divulgação em âmbito nacional. Nesse aspecto, discutimos os epítetos enquanto pré-construídos que faziam significar a cidade e o colonizador, apontando para a relação estabelecida entre os dizeres sobre a cidade de Sinop e outros acontecimentos históricos, tais como o Bandeirismo que permeou o século XVII e a própria Memória da Colonização do Brasil ao dizer do colonizador enquanto o 'Violador dos Sertões' reforçando o poderio do 'Bandeirante Moderno', do 'Plantador de Cidades' e ao mesmo tempo silenciando/apagando a história de outros trabalhadores, os chamados peões no processo de (re)ocupação desse espaço.
Agência de fomento: Fapemat/Capes |
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