Imprimir Resumo


Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Refugiados na mídia brasileira e alemã: trabalhando com a construção de sentidos no ensino-aprendizagem de LE

Autores:
Poliana Arantes (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro )

Resumo:

Considerando a importância de se investigar, do ponto de vista da Análise do Discurso e do ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, o que a imprensa majoritariamente vem denominando “Crise dos refugiados”, em alemão “Flüchtlingskrise”, buscamos analisar e compreender de que modo se atribui aos refugiados a crise, ou seja, o fato de se transformar a questão coletiva e humanitária do acolhimento a refugiados em um problema de ordem individual, restrito ao indivíduo refugiado. Sabemos que há motivações econômicas e políticas que envolvem essa dimensão conceitual na mídia e em outros locais de divulgação de politicas públicas que procuram invisibilizar vários pontos de vista e vozes. Por esse motivo, nos interessa investigar de que modo as designações criam universos bastante distintos de análise e de compreensão das realidades criadas e transformadas em fatos. Para procedermos à essa análise, nos baseamos na Análise do Discurso francesa, sobretudo nos elementos da semântica global cunhados por Maingueneau (2013), analisando a constituição do interdiscurso em formações discursivas, sobretudo nas designações; na conceituação sobre a micropolítica do poder (FOUCAULT, 1997), que nos permitiu observar de que modo as designações criam relações assimétricas de poder no discurso e, por fim, nas categorias de heterogeneidade discursiva (AUTHIER-REVUZ, 2004). Nossa análise pretendeu cartografar os sentidos das atribuições designativas supracitadas, que acabam por construir efeitos de sentido que desqualificam os refugiados e atribuem a crise ao indíviduo. Os resultados de nossa análise apontaram para: i) a possibilidade deste tipo de trabalho em aulas de LE; ii) a construção de imagens que apresentam os refugiados como responsáveis pela sua própria fuga e, ao mesmo tempo, desimplicam os Estados como responsáveis pelos deslocamentos e, por conseguinte, por ações humanitárias de acolhimento, integração e recepção dessa população onde quer que ela se encontre deslocada, seja internamente em seus países de origem, seja fora deles.