Ao centrar-se nos estudos do letramento em uma perspectiva sociocultural (LEA e STREET, 1999 e 2014), na concepção de escrita como prática social (IVANIC, 2004) e na acepção de normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, o este trabalho objetiva: identificar o tratamento da normalização em gêneros textuais escritos propostos em planos de curso para o ensino superior; e reconhecer como esse tratamento influencia o ensino da escrita. Metodologicamente, analisamos um corpus composto de 15 planos de curso de disciplinas de diferentes áreas de uma instituição pública de ensino superior cuja ementa privilegia o ensino e a produção de textos. A análise está organizada em duas seções: a) reconhecimento dos gêneros textuais estudados e b) indicações implícitas e explícitas da normalização. Como resultado, verificamos que os gêneros textuais mais recorrentes são o resumo, a resenha crítica, o artigo científico, o relatório científico, o projeto científico e a monografia, e também verificamos que esses gêneros são frequentemente distribuídos no curso de acordo com o momento ou período em que os alunos se encontram: início, meio ou final do curso. Essa distribuição tem estreita relação com as habilidades de leitura e de escrita esperadas: do 1º ao 3º período: produzir resumos e resenhas; do 4º ao 6º período: artigos científicos e relatórios; e do 7º ao 9º período, projeto de pesquisa e a monografia. Desse conjunto, apenas três planos indicavam de forma explícita a normalização e os demais sinalizavam seu estudo de forma indireta em textos. Esta ocorrência nos permite considerar que embora os planos apresentem discreta referência à normalização, esta se constitui uma prática de letramento acadêmico circunstancial no estudo da escrita, o que implica, em algumas situações, imprecisão sobre a apresentação do texto e pouca adequação aos modos de circulação científica.