O trabalho do professor no quadro atual da Educação Profissional e Tecnológica no Estado do Mato Grosso se depara com muitos desafios em seu desenvolvimento. Esta pesquisa trata-se de um desdobramento dos resultados apresentados na tese de doutoramento (2014), apresentando uma reflexão a respeito de uma das dimensões de caracterização do agir docente neste contexto. Inscrito no escopo da Linguística Aplicada, o trabalho têm como enfoque o agir docente (re)configurado e prescrito nos textos institucionais (contrato de trabalho e regimento interno) confrontado com outros produtos de linguagem como os relatórios de atividades e folhas de frequência, os quais evidenciam os modos de representação desse agir dos professores. Ancorada nos aportes teórico-metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2004, 2006, 2009), a pesquisa também apresenta contribuições sobre a atividade docente, com instrumentos da Psicologia do trabalho, no quadro da Clínica da Atividade (CLOT 2001, 2007, 2010), inspirando-se no caminho proposto pelo Grupo ALTER/CNPQ (MACHADO, 2004, 2009). Assim, buscou-se ampliar o levantamento das representações sobre os elementos constitutivos desse agir. Foram selecionados os registros de três meses de trabalho de duas das maiores escolas da Rede de Escolas Técnicas Estaduais, mantidas pelo estado de Mato Grosso. As análises tiveram como suporte programas de análise linguística e semântica quando necessário (softwares Tropes e Antconc). Os resultados preliminares revelaram que os professores, oriundos em sua maioria de uma formação não voltada para a docência, possuem inúmeras dificuldades para representar esse agir. Eles o fazem recorrendo às regras de ofício compartilhadas no coletivo de trabalho e àquelas que fizeram parte dos “modelos” que constituíram suas práticas sociais no contexto de escolarização.