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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O (não) uso de clíticos de 3ª pessoa como objeto direto no português brasileiro: uma proposta de abordagem pedagógica na perspectiva dos gêneros do discurso

Autores:
José Peixoto Coelho de Souza (UOM - University of Manchester)

Resumo:

Gramáticos que analisam e descrevem o português brasileiro, como Perini (2002) e Bagno (2012), apontam que o uso dos pronomes oblíquos de 3ª pessoa com a função de objeto direto (‘o’, ‘a’, ‘os’, ‘as’) está relacionado quase sempre à escrita formal e monitorada. Segundo os autores, essas formas não estão presentes na produção oral e escrita espontânea da grande maioria dos falantes em gêneros discursivo das esferas mais privadas, sendo geralmente substituídas pelos pronomes ‘ele’, ‘ela’, ‘eles’, ‘elas’ ou simplesmente omitidas. Embora sejam as estratégias de pronominalização mais usadas pelos falantes brasileiros (BAGNO, 2004), no que diz respeito à abordagem dada a esse fenômeno pelos livros didáticos de Português como Língua Adicional (PLA) produzidos no Brasil, essas formas alternativas não são apresentadas, mesmo quando se trata de gêneros do discurso provenientes das esferas do cotidiano (COUTINHO, 2016). Em vista disso, este trabalho tem como objetivos apresentar e discutir uma proposta de ensino de diferentes estratégias de pronominalização, mais especificamente quanto à função de pronomes oblíquos de 3ª pessoa como objeto direto, a partir de uma perspectiva de educação linguística orientada pela noção de gêneros do discurso (BRASIL, 1998; BAGNO; RANGEL, 2005; SCHLATTER; GARCEZ, 2012). Assim, com base nas propostas curriculares para o ensino de PLA apresentadas por Kraemer (2012) e Mittelstadt (2013), entendemos que o ensino das diferentes estratégias de pronominalização deve estar atrelado à progressão dos gêneros discursivos a serem estudados, mais especificamente quanto ao grau de formalidade e ao distanciamento estabelecidos pela interlocução projetada pelo gênero. Esperamos com este trabalho estimular a reflexão sobre a importância de o ensino das formas linguísticas estar atrelado ao uso da linguagem em seus contextos reais de produção, a fim de fornecer aos alunos insumos para que possam escolher as formas mais preferíveis nas diferentes situações comunicativas em que possam participar.