LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS: ONDE ESTÃO E A QUE(M) SERVEM? | Autores: Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro (UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros) |
Resumo: Livros Didáticos (LD) são ambivalentes no ensino de línguas. Por um lado, são considerados fundamentais por subsidiarem o trabalho do professor e padronizarem práticas. Por outro, culpam-no pelo comodismo e tradicionalismo de alguns fazeres. No Brasil, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) desempenhou um papel unificador, funcionando ao mesmo tempo como incentivador da diversidade e da qualidade dos materiais. Constata-se, contudo, carência na produção de material didático para o ensino de português para surdos no Brasil. Tal fato pode ser atribuído à adoção dos mesmos materiais utilizados com alunos ouvintes, desconsiderando-se que a perda auditiva impõe diferenças na relação dos surdos com a Língua Portuguesa. Nos últimos anos, a adoção da abordagem bilíngue à educação, entre outros fatores, evidenciou a necessidade de se criarem materiais específicos para o ensino da Língua Portuguesa para alunos surdos. Apesar do caráter ambivalente, a oferta de LD de português para surdos, por meio do PNLD, poderia incentivar a produção competitiva e diversificada de materiais, assim como fomentar a necessária discussão da delimitação de metas de aprendizagem e conteúdos por série escolar. A partir dessas reflexões, objetivamos, neste estudo, discutir a função do Livro Didático de Português para Surdos, diferenciando-o da adaptação de Livros Didáticos comuns – desserviço que subverte a lógica do combate ao ouvintismo. Em complemento, apresentaremos ainda princípios teóricos conceituais que consideramos fundamentais na produção desses materiais, como: i) o privilégio da noção de texto e discurso; ii) a percepção de que gêneros discursivos são modos de ação social; iii) a compreensão da leitura como um processo descendente e interativo; iv) a relevância de se organizar o currículo de forma espiral, com progressões e retomadas e v) a importância motivacional de aspectos como a interatividade, a visualidade, a ludicidade e a gameficação.
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