MUDANÇA NA POSIÇÃO DO SUJEITO EM CARTAS PESSOAIS BRASILEIRAS: A QUESTÃO DO GÊNERO DO MISSIVISTA E SEU PAPEL SOCIAL NOS SÉCULOS XIX E XX | Autores: Silvia Regina de Oliveira Cavalcante (UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) |
Resumo: Os textos escritos no Brasil oferecem terreno fértil para a análise da mudança linguística se considerarmos um quadro teórico que alia os pressupostos da Teoria da Variação e Mudança (Weinreich, Labov, Herzog, 1968) com a Teoria Gerativa de Aquisição e Mudança Linguística (Lightfoot, 1999), no sentido que faz Kroch (1989, 1994) nos estudos sobre a perda do V2 em Inglês. As pesquisas sobre a posição do sujeito na história do Português Brasileiro, na sua maioria de cunho gerativista, têm revelado a mudança nos contextos sintáticos do sujeito pós-verbal que revela uma mudança paramétrica: de VS condicionada por fatores discursivos (foco informacional ou contrastivo) e por fatores gramaticais (sentenças subordinadas ou interrogativas) para VS restrita a construções com verbos inacusativos (Berlinck, 1993; Coelho, 2000; Cavalcante, 2014; Kato, 2000, entre outros). Este trabalho traz uma análise da mudança na posição de sujeito em cartas escritas por brasileiros nascidos nos séculos XIX e XX que visa a relacionar os resultados obtidos até então com a história social dos missivistas, principalmente no que tange ao gênero do missivista e seu papel social, associando o modelo sociolinguístico de análise com a teoria gerativa. O corpus desta pesquisa abarca cartas pessoais escritas por homens e mulheres nascidos entre 1800 e 1975, divididos em sete intervalos de 25 anos cada. Dentre os missivistas desta amostra, encontram-se pessoas "ilustres", como Christiano Ottoni, Oswaldo Cruz, Affonso Penna, entre outros; e pessoas "não-ilustres", cujas informações biográficas são retiradas do conteúdo das cartas. Além da diminuição de VS confirmando pesquisas anteriores, os resultados revelam comportamentos diferentes de homens e mulheres no século XIX e o mesmo comportamento linguístico no século XX. Essa diferença será explicada ao relacionarmos o papel social que os missivistas tinham no século XIX e no século XX.
Agência de fomento: CNPq |
|