Este trabalho apresenta uma reflexão sobre os aspectos ético e estético (TURCHI, 2002) a partir do pressuposto de que a literatura brasileira mais recente direcionada a jovens leitores marca-se pela valorização tanto da elaboração textual verbal quanto da imagética por parte da crítica especializada (MARTHA, 2003; CECCANTINI, 2009). Temas polêmicos, porém, configuram-se no contexto de debates ancorados em questões ideológicas e políticas que convidam à reflexão sobre forma e conteúdo na contemporaneidade, atualizando as relações entre diferentes campos do saber. Isso implica a superação de dicotomias apontadas no contexto da constituição do campo teórico dos estudos sobre obras literárias para crianças e jovens, qual seja, do utilitarismo versus estético, do pedagogizante vesus literário (MORTATTI, 2001). Com a premissa de que a literatura, como objeto social, implica a realização de estudos que abarquem as tensões e expectativas que a sociedade mantém em relação a ela e a si mesma, o tema “guerra” torna-se relevante em um país cujos discursos históricos correntes costumam ser marcados por um ideário pacifista redutor do impacto dos conflitos armados intensamente vivenciados ao longo da história nacional. Esse ideário reflete-se na produção literária juvenil, mesmo em obras que, supostamente romperiam com essa tendência, como Guerras! – autoria de Laerthe de Moraes Abreu Júnior (2014). Como contraponto, deve-se lembrar da produção traduzida mais recentemente, a qual também merece destaque, como O nazista e o barbeiro: uma história de vingança, de Edgar Hilsenrath (2013), situando-se, esta obra, em um contexto de provocação intelectual às diferentes ideologias e militâncias políticas, o que em nível formal se dá pela apropriação original – e provocativa, reitere-se – do gênero Bildungsroman. A análise que se propõe, portanto, é posta como embasamento para reflexão sobre a correlação entre ética e estética na produção brasileira contemporânea para jovens leitores.