Um aspecto constitutivo da identidade acadêmica sobre o qual devem investir os estudos sobre letramento diz respeito à maneira como os estudantes lidam com os diversos gêneros discursivos de caráter científico e didático que, por meio da leitura ou da escrita, passam a fazer parte da formação universitária. Dada a relevância de se compreender aspectos da relação entre as práticas e eventos de letramento correntes na universidade e a construção de identidades por alunos de graduação e, mais especificamente, em cursos de formação de professores, o objetivo deste trabalho é compreender as representações de escrita acadêmicas e seus impactos no processo da constituição identitária de professores de um Curso de Letras. Para alcançar esse objetivo, proponho, sob uma perspectiva linguística, enunciativa e discursiva pautada em conceitos trabalhos na Análise do Discurso, em especial os cunhados por Bakhtin (2009,2011), abordagens do Interacionismo Discursivo (Bronckart, 1999, Bronckart e Machado (2006,2007), nas concepções de Letramento de Lea (2004), Lea e Street (1998,1999), Rinck, Boch e Assis (2015), Delcambre et al (2009), dentre outros, e uma interface com as contribuições dos estudos da Psicologia Social, com base em Moscovici (2003), Jodelet (2001) e Py (2000,2004).  De natureza explicativa, interpretativa e participante, este estudo nos fez perceber como os discursos podem revelar representações sociais, pautadas nas ações coletivas e individuais, constitutivas do processo de construção da figura do futuro profissional do Curso de Letras. Os exemplos discutidos revelam as principais dificuldades enfrentadas nas práticas e eventos do Letramento Acadêmico e nos permitiu identificar os movimentos de (trans)formação assumidos pelos futuros profissionais e ainda, fomentar discussão sobre as práticas nas/das disciplinas de Estágio Supervisionado, em especifico às direcionadas à escrita e suas ressonâncias na formação de professores.