As primeiras publicações autorais da literatura infantil brasileira foram assinadas por professores ou intelectuais preocupados com a educação, entre o final do século XIX e início do século XX. Tais obras eram primordialmente revestidas de caráter pedagógico e moralizante, apresentando claro conteúdo utilitário, ainda mais quando desenvolvidas em versos. Nesta perspectiva, o presente trabalho propõe analisar a representação da criança e do ensino em duas coletâneas poéticas bastante expressivas do referido período: Versos para os pequeninos (1897 [2017]), do escritor e educador carioca João Köpke, e Livro das crianças (1897), da escritora e educadora paulista Zalina Rolim. Para embasar o nosso estudo, ancoramo-nos principalmente em Coelho (1991; 2000), Lajolo (1982), Candido (1996) e Lajolo & Zilberman (1988). A metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo-interpretativo. Como resultado parcial, constatamos que, além da dimensão formativa e exemplar, estes compêndios constituíram uma importante renovação do material destinado ao ensino elementar até então, fugindo a muitos dos desígnios apontados no prefácio de outros livros de leitura vinculados à escola da época, oferecendo relativa prioridade a elementos fora do ideário educacional e mais ligados ao universo lúdico infantil. Esses aspectos podem justificar a não publicação do manuscrito de Köpke e a ausência de reedições do impresso de Rolim em detrimento de outros representantes da então emergente literatura infantil nacional.