Este trabalho objetiva apresentar uma análise discursivo-funcional dos diferentes usos do juntor coordenativo ou entre orações no português falado, tendo como aparato teórico o modelo da Gramática Discursivo-Funcional (GDF, HENGEVELD; MACKENZIE, 2008) e seus quatro níveis de análise: Interpessoal, Representacional, Morfossintático e Fonológico. O córpus adotado neste estudo é composto por ocorrências pertencentes ao Corpus Lusófono e ao Banco de Dados Iboruna (Amostra Censo). Segundo Neves (2000), o juntor ou caracteriza-se por marcar uma disjunção ou alternância entre os elementos coordenados que une. Tal propriedade faz com que ou seja tradicionalmente classificado como uma conjunção coordenativa alternativa. A disjunção estabelecida por ou pode ser uma relação inclusiva ou exclusiva: na relação inclusiva, os elementos postos em alternância se somam, enquanto na exclusiva, a escolha por um dos elementos disjuntos necessariamente exclui os demais. Pezatti e Longhin (2016) consideram, ainda, a possibilidade de ou apresentar usos não-disjuntivos que podem ser classificados como discursivos. Considerando os níveis e camadas da GDF, a análise empreendida até o momento nos permite verificar, especialmente com relação ao Nível Interpessoal, que o juntor ou atua relacionando unidades deste nível, como o Ato Discursivo e o Movimento. Na camada do Ato Discursivo, unidade básica de análise para a GDF, ou pode marcar tanto uma relação de equipolência, unindo Atos de mesmo estatuto comunicativo, como de dependência, introduzido um Ato que estabelece a função retórica correção em relação ao Ato anterior; ou pode, ainda, atuar como um operador na camada do Movimento. Tais resultados apontam para um uso mais abrangente do juntor ou do que os tradicionalmente descritos pela gramática, o que nos leva a buscar as evidências gramaticais que caracterizam os diferentes empregos desse juntor no português falado. Apoio financeiro: CAPES (Código de financiamento 001).