Violência e sacralidade em Geni e o zepelim, de Chico Buarque de Hollanda | Autores: Kelly Fabiola Viana dos Santos (UNB - Universidade de Brasília) |
Resumo: Aspectos mágicos, sobrenaturais e sagrados atribuídos aos diversos tipos de arte, desde os primórdios, fazem eco com a arte e a literatura contemporânea. As manifestações artísticas revestem-se de sacralidade e, às vezes, sacramentam também o artista que as criou. Arte e Literatura mantém ligações com elementos sagrados, míticos, religiosos, em diferentes níveis e contextos. As expressões artísticas são consideradas via de acesso ao sagrado, mas também ao profano e, sendo assim, podem ficar constantemente sob os riscos do interdito. Alguns tipos de música e dança são constantemente executadas com o intuito de evocar o sagrado, enquanto outras podem vir a ser censuradas por evocar o profano. Verifica-se neste artigo vestígios do desejo de violência relacionado à sacralidade arcaica em "Geni e o zepelim", de Chico Buarque, conforme teoria de Renè Girard (2011). A chegada do zepelim à cidade desencadeia uma crise devido às ameaças de destruição. Para satisfazer à violência intestina, surge a necessidade de se encontrar uma vítima adequada para o sacrifício expiatório capaz de libertar toda a cidade de suas mazelas. O texto busca relacionar o sentido da sacralidade arcaica ao contexto das artes contemporâneas, com o objetivo de averiguar como essas manifestações míticas mantém-se presentes no imaginário coletivo e repercutem em forma de violência de gênero.
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