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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A construção discursiva do ódio nos “cacerolazos” (Argentina) e “panelaços” (Brasil): padrões comuns e diferenças

Autores:
Ramiro Carlos Humberto Caggiano Blanco (USP - Universidade de São Paulo) ; Yedda Alves de Oliveira Caggiano Blanco (USP - Universidade de São Paulo )

Resumo:

O discurso político de ódio, tanto na sua forma sutil como na explícita, tem sido uma constante, salvando as diferenças, na Argentina e no Brasil, como uma prática objetiva e lógica de discurso com o intuito de enfatizar o sentido dos enunciados reproduzidos. Diante disso, o presente trabalho tem como finalidade mostrar como, na presente década, as expressões de ódio contidas nos enunciados proferidos nas manifestações contra o governo de Cristina Kirchner e de Dilma Rousseff, conhecidos como “cacerolaços” (2013-2014) e “panelaços” (2015-2016) representam e extremam esse processo. O corpus do trabalho é constituído por cartazes e depoimentos espontâneos dos participantes de ambas as manifestações. Mediante comparações dos enunciados, apontaremos as regularidades temáticas, discursivas e semióticas nos respectivos eventos políticos, tais como ataques a honra das ex-mandatárias -e membros dos partidos governantes-, à sua moral e sexualidade, o desejo tanático de aniquilamento etc. seja mediante descortesia por fustigação, por refrateriadade, ou por exarcebação do “nós” (MARLANGEON, 2005 ) na polarização ideológica “nós” x “eles” (VAN DIJK, ) etc. Veremos ainda, como discursos símiles, por vezes especulares, foram realizados como expressão reativa a situações sociais nos dois países, mesmo que eles tenham formações sócio-históricas distintas.  Também analisaremos como o ódio exacerbado constituiu um “plus” argumentativo que perpassa as categorias da descortesia uma vez que, ao atingir o grau de desejo de extinção física do opositor, ou a sua anulação como sujeito político, interdita quaisquer possibilidades de diálogo e de reflexão democrática, independentemente do signo político de quem se trate.

Palavra-chaves: discurso político; ódio; descortesia.