Os estudos dialetais brasileiros têm revelado intrínseca relação existente entre a língua portuguesa falada em todo o território nacional e sua história social. Dentre os níveis da língua que têm revelado a diversidade linguístico-cultural brasileira, situa-se o léxico, que é compreendido como “testemunha” da história e da cultura do povo. Acerca do assunto, Biderman (1992) declara que a palavra tem a força para cristalizar o conceito de um dado referente e, ao fazê-lo, ela o racionaliza e o socializa. Partindo desse ponto de vista, este estudo apresenta e discute resultados de estudos voltados para o vocabulário do corpo físico retirado do banco de dados inédito do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Para tanto, foi selecionada a questão 113 do QSL – Questionário Semântico Lexical do ALIB que documentou as nomeações para “... a parte do corpo da mãe onde fica o nenê/bebê antes de nascer?”. Os dados foram levantados e analisados a partir de respostas fornecidas pelos 108 entrevistados do Projeto ALiB naturais de 24 localidades, abrangendo as capitais e o interior, que compõem a sua rede de pontos na Região Centro-Oeste do Brasil. Duas perspectivas foram consideradas para a análise dos dados: i) a produtividade das variantes no espaço geográfico (diatopia) somadas às influências sociais como idade, escolaridade, entre outros, e II) análise semântica das variantes, sobretudo quanto à questão de formas cristalizadas ou não no ambiente investigado. Como amostragem dos dados levantados até o momento, temos as seguintes variantes registradas: útero, barriga (da mulher/da mãe), ventre, primeiro bercinho e bucho. Dentre os itens lexicais documentados, por ora, útero e barriga são os mais recorrentes.