O ensino de língua portuguesa em Guiné-Bissau é um processo que apresenta peculiaridades por este ser um ambiente multicultural e multilíngue no qual a referida língua não ocupa status de língua materna da população, embora seja língua oficial, da administração e do ensino. Cientes desta realidade, dos aspectos que permeiam o ensino de línguas de acordo com o espaço no qual se insere e com base nas discussões teóricas propostas por autores como Almeida Filho (2018) e Mendes (2011), neste trabalho pretendemos analisar aspectos relacionados ao ensino da língua portuguesa em Guiné-Bissau, tomando como material de análise questionários aplicados a estudantes guineenses do curso de Letras – Língua Portuguesa da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Os estudantes foram questionados acerca do ensino da língua em seu país de origem, os materiais didáticos utilizados e a formação dos professores. Com base nas respostas dos participantes, concluímos que o ensino de língua portuguesa em Guiné-Bissau apresenta traços característicos que se justificam pelo contexto particular do país. Podemos apontar como principais características o ensino de língua baseado na gramática normativa e sem propósito comunicativo; materiais didáticos que não se alinham à realidade cultural do país, ou seja, um ensino que não considera a realidade linguística e cultural dos falantes. Para amenizar esta situação, mudanças são necessárias inicialmente no reconhecimento do papel que a língua portuguesa ocupa naquele espaço para que, assim, possam ser pensadas estratégias que visem ao ensino da língua sem desconsiderar o contexto no qual este ocorre e à formação de falantes competentes para usá-la nas diversas situações comunicativas.