A Dialetologia brasileira, em especial os trabalhos de cunho geolinguístico, tem produzido um conjunto substancial de pesquisas que podem subsidiar o ensino de língua portuguesa, sobretudo, no que se refere à variação diatópica do português brasileiro. O material linguístico coletado empiricamente para a constituição dos atlas linguísticos revela particularidades da língua portuguesa falada no Brasil em diferentes domínios, indo desde pequenas localidades no interior do país até regiões administrativas como um todo ou mesmo de fronteira internacional. Nesse sentido, o presente trabalho visa apresentar reflexões acerca dessa temática como forma de trazer à discussão questões importantes sobre a diversidade linguística do português brasileiro. Fato é que a variação diatópica está associada, na mentalidade coletiva, de forma caricaturada, seja pelos esteriótipos propagados pela mídia, em telenovelas, por exemplo, seja pela própria natureza dessa variação, que é facilmente perceptível e reconhecível aos falantes. Ou seja, muito da variação diatópica, seja no âmbito da prosódia, da fonética e fonologia, da estrutura morfossintática ou mesmo do léxico, por vezes, é eivado de preconceitos, que podem, inclusive, chegar a posicionamentos de intolerância linguística. No que tange ao ensino, há de se observar questões importantes acerca dessa variação como forma de não apenas revelar a diversidade diatópica, mas, e principalmente, propagar o respeito à diversidade. Tendo, portanto, material disponível para exemplificar de modo fidedigno as diferentes formas lingúisticas utilizadas pelos brasileiros, esta comunicação contribui com as reflexões sobre propostas para entender os atlas linguísticos como instrumentos didáticos nas aulas de língua portuguesa e lança questionamentos pertinentes para a premente necessidade de uma Dialetologia Educacional.