Imprimir Resumo


Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


CONTRAFACTUALIDADE NAS CONSTRUÇÕES GRAMATICAIS VAI VER, VAI QUE E VÁ LÁ

Autores:
Maria Aparecida da Silva Andrade (IFESP - Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy-IFESP)

Resumo:

A contrafactualidade é uma propriedade básica da mente humana codificada pela linguagem e pode sinalizar um ponto de vista do locutor, nesse caso, uma perspectiva contrária aos fatos. O falante/escrevente, ao se comunicar face a face ou virtualmente com outrem, estabelece o que podemos denominar de dois espaços mentais, em que o primeiro estaria relacionado ao factual, real, enquanto o segundo diz respeito ao contrafactual, ou seja, ao mundo imaginário do locutor (FAUCONNIER e TURNER, 2002). Nessa ótica, o falante/escrevente, ao construir o sentido subjetivo, pauta-se cognitivamente no seu universo imaginário, no qual se instala a contrafactualidade, e seleciona construções linguísticas que codifiquem sua percepção subjetiva, ou seja, a perspectivização de uma visão particular frente a um evento (TOMASELLO, 1999, 2008). O presente trabalho é um recorte da tese de doutorado Construções Gramaticais com IR no Português Brasileiro Contemporâneo e o objetivo aqui é examinar a contrafactualidade no uso de construções gramaticais com ir, em que o falante/escrevente avalia uma situação considerando dois espaços. De um lado, encontra-se o que ele concebe como real e, de outro, a situação possível, fruto de sua imaginação, na qual examina uma circunstância a partir de seu ponto de vista. Fundamenta-se nos pressupostos da Linguística Funcional Centrada no Uso. A metodologia é de base qualitativo-interpretativista. Pela análise, foi possível verificar que o falante/escrevente procura preservar sua face diante de situações que possam ser contrárias às expectativas do ouvinte/leitor. A depender da situação em que esteja envolvido, o locutor se vale de expedientes como simular situações, fantasiar, propor hipóteses, fingir, dentre outras possibilidades que facultam ao falante/escrevente a construção de um mundo possível.