Semiótica didática: entre programação e persuasão | Autores: Jean Cristtus Portela (UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho") |
Resumo: Na semiótica de A. J. Greimas e seus colaboradores, o que se pode chamar semiótica didática nasceu no final dos 1970, em torno de propostas teóricas veiculadas no Bulletin da revista Actes Sémiotiques. O texto fundador da semiótica didática, de autoria de A. J. Greimas e intitulado “Pour une sémiotique didactique” (Actes Sémiotiques – Bulletin, II, 7, 1979), convidava então os semioticistas a conceberem o texto didático e seu discurso em termos de programação e de persuasão. A programação daria conta da seleção dos conteúdos e da discursivização e da textualização dos enunciados didáticos, ao passo que a persuasão se ocuparia das relações entre o enunciador e o enunciatário didáticos. Neste trabalho, propomos um estudo de caráter histórico-conceitual sobre a constituição da semiótica didática, compreendida não como um campo disciplinar da semiótica definidamente identitário e claramente reconhecível, mas como um conjunto de textos teóricos e de análise que nos permite explicitar preocupações que fundamentam uma prática de análise orientada para a competencialização dos sujeitos em aprendizagem, por meio da escolha de certos corpora e problemas de pesquisa e de formas particulares de segmentar e analisar textos. Nos artigos e livros que compõem o córpus analisado, que compreende o período que vai de 1970 a 1990, período-chave de formação da semiótica discursiva em sua abertura aos mais diferentes tipos de objetos, encontramos traços de uma prática de análise que pressupõe uma análise semiótica voltada essencialmente para a competência modal do enunciatário como sujeito que deve ser sensibilizado e guiado pela narrativa didática. Essa abordagem acerca do discurso didático implica a escolha de um ponto de vista estratégico, centrado na persuasão e na irredutível assimetria de posições enunciativas, o que situa a semiótica didática como uma forma particular de uma semiótica da manipulação, ao lado das semióticas dos discursos publicitário e político.
Agência de fomento: CNPq/Fapesp |
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