Quando o assunto é política, não é difícil encontramos comentários nas redes sociais nos quais a linguagem é usada para ferir o outro. Esta pesquisa, oriunda de minha tese de Doutorado, tem como objetivo analisar o funcionamento da violência com/na/pela linguagem em atos de fala publicados no Facebook acerca do impeachment de 2016 vivido pela então presidente Dilma Vana Rousseff. Especificamente, analisamos as escolhas linguísticas e a força ilocucionária de comentários publicados nas páginas Movimento Brasil Livre (MBL) e Frente Brasil Popular (FBP). A investigação foi conduzida por uma concepção de linguagem como ação, com base epistemológica na filosofia austiniana (AUSTIN, 1990) e por uma perspectiva de leitura desconstrutora dos atos de fala à luz da Nova Pragmática (RAJAGOPALAN, 2003, 2010, 2014). Esse aporte teórico permitiu-nos questionar a oposição classicamente estabelecida na Filosofia Tradicional entre fato/valor e nomeação/predicação, além de demonstrar que ao dizer também fazemos. Foram selecionadas 11 postagens seguidas de 1.842 comentários publicadas no mural de notícias das páginas MBL e FBP, no período de abril de 2016 a agosto de 2017, com referência direta ao impeachment de Dilma Rousseff. A natureza dos atos de fala estudados permitiu-nos constatar que escolhas linguísticas utilizadas para nomeação se valem de substantivos como epítetos para desrespeitar, agredir, insultar e injuriar ao lado de políticas de representação que desqualificam o outro por apresentar posicionamento político-partidário diferente.