PRÁTICAS COTIDIANAS DA ESCRITA QUE TECEM LEITURAS: LITERATURA E EXPERIMENTAÇÃO | Autores: Maria Rosa Rodrigues Martins de Camargo (UNESP - Universidade Estadual Paulista) |
Resumo: Esta comunicação, recorte do projeto de pesquisa “Lugares da escrita: experimentação, linguagens, saberes e(m) formação”, em desenvolvimento, propõe a discussão da relação entre práticas da escrita, que ocorrem no cotidiano, e texto literários como espaço fértil para pensar a experimentação. As práticas da escrita se materializam a partir da produção escrita por uma mulher (D. Dirce), pouco escolarizada que, aos 60 anos de idade, se “descobriu escritora”. O lócus de sua produção é o espaço onde ocorrem as atividades de ensino, que integram o Projeto de Extensão Universitária de Educação de Jovens e Adultos – PEJA/UNESP. A cada temática proposta no grupo, D. Dirce produzia um texto no qual ressoavam memórias (escola, vida cotidiana), um olhar sobre si mesma (o que gosta, certa autonomia na facção do registro), e a relevância de estar nesse espaço ao qual retorna após anos afastada da escola. Nesta comunicação, o foco da discussão é a gama de seus registros escritos, no que se refere ao conteúdo (temas da vida cotidiana), aos objetos materiais, cadernos que ela mesma decora, nos quais escreve e inventa formas de garantir registros (palavras, pinturas, recortes); à gama de registros, interpõem-se textos literários referências de leitura da autora, neste caso, adentrando Clarice Lispector. A base teórico-metodológica para análise desse material aporta-se em estudos da escrita e leitura como práticas culturais (Certeau; Chartier), da linguagem como interlocução (Bakhtin) e como escrita de si (Foucault). A realização deste estudo conferiu visibilidade a práticas da escrita e leitura periféricas trazendo à superfície possibilidades para pensar culturas letradas que se efetivam por meio de uma produção que é singular.
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