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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O fluxo de atenção e o modo verbal na expressão da (inter)subjetividade em construções completivas deônticas

Autores:
Dayane Alves Wiedemer (UFF - Universidade Federal Fluminense)

Resumo:

Nesta comunicação, analisamos a (inter)subjetividade presente em construções completivas impessoais com ser + nome, constituídas de uma oração matriz [ser + predicativo (preciso, necessário, obrigatório)] + oração encaixada com função de sujeito sintático. Essas construções são modais deônticas e estão relacionadas à lógica da obrigação. Vestraete (2001) considera que a modalidade deôntica é objetiva, ao descrever a existência de uma necessidade sem envolvimento de atitude do falante, e subjetiva, ao envolver uma atitude frente à necessidade de uma determinada ação. Sobre a ordenação de constituintes, DeLancey (1981) aponta duas noções psicológicas: (i) ponto de vista e (ii) fluxo de atenção. O fluxo de atenção determina a linearidade dos sintagmas, que são apresentados na ordem que o falante deseja que o ouvinte preste atenção. Ordens alternativas de sintagmas, como a topicalização, são mecanismos de controle do fluxo de atenção. A posição de uma oração matriz em relação à oração encaixada abarca valores semântico-discursivos que dizem respeito às marcas de (inter)subjetividade discursiva, pois, ao ocupar o início da sentença, o falante coloca grande carga semântica na matriz, tornando-a expressão de seus desejos em relação ao outro participante da atividade discursiva (Dias, 2013). Verificamos, ainda, o modo verbal da oração encaixada pois, de acordo com Vesterinen (2012), matrizes, cujos complementos representam informações antigas, desencadeiam o uso de subjuntivo, e informações que são pragmaticamente afirmadas aparecem no indicativo. A escolha entre formas finitas e não-finitas pode representar o comprometimento/controle do sujeito sobre o outro na participação do evento. Para compor o corpus de análise, foram coletados dados de discursos e debates feitos por deputados na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) durante o ano de 2017. A análise se apoia nos pressupostos teóricos do Funcionalismo norte-americano e da Linguística Cognitiva (SILVA, 1997, 2001, ACHARD, 1998, LANGACKER, 1990, KÖVECSES, 2006, TRAUGOTT, 2010).


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