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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A neurastenia de “um paiz a beira do abysmo”: o Brasil numa estação de cura

Autores:
Mônica Gomes da Silva (UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia)

Resumo:

Esta proposta volta-se para a leitura do romance Correspondência de uma estação de cura (1918) de João do Rio (1881-1921). A polêmica marca a tradição crítica do romance, sendo perceptível uma divisão acerca do valor e da possível validade da obra nos dias correntes. Por um lado, uma vertente destaca o caráter de obra “menor”, ressaltando sua insuficiência como romance epistolar. Por outro, uma segunda vertente evidencia seu caráter inovador, um “flirt” com a paisagem técnico-industrial, encarnando os valores da Belle Époque brasileira. São abordados, inicialmente, como referenciais teóricos os estudos de Antonio Candido (1992), Flora Süssekind (1987), Marta Barcellos (2017), Nicolau Sevcenko (1998) e Rodrigo Gurgel (2013). Partindo duma tradição crítica dual que se estabeleceu na apreciação do texto, ora evidenciando os procedimentos narrativos, ora privilegiando a atmosfera Art Nouveau, busca-se estudar a elaboração de uma imagem do país no romance epistolar de João do Rio. Desse modo, ressalta-se a relação entre o discurso crítico a respeito do Brasil, e dos brasileiros, em contraponto com processo de modernização e as condições para o desenvolvimento de uma civilização nos trópicos. A modernização é representada tanto por meio das novas técnicas, quanto do saber científico, em especial, dos conhecimentos médicos. Assim, sitiados pela Primeira Grande Guerra, observamos uma reunião forçada de brasileiros no país e a atmosfera neurastênica de contato com uma realidade que o dândi tropical “desconhece por completo”. Além disso, realiza-se o diálogo do romance com as crônicas de João do Rio que versam sobre a admiração e idolatria à Europa, por parte da elite nacional.