O PAPEL DO OUTRO NA ENUNCIAÇÃO: NEGOCIAÇÃO E INFLUÊNCIA NA ESCRITA CONJUNTA | Autores: Anne Carolline Dias Rocha Prado (UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) ; Márcia Helena de Melo Pereira (UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) |
Resumo: O propósito deste trabalho é observar o comportamento de dois sujeitos, enquanto escreventes de um texto elaborado conjuntamente. Nossa principal ancoragem está na perspectiva dialógica da linguagem, postulada por Mikhail Bakhtin (2011; 2014; 2018). De acordo com o filósofo russo, a linguagem é essencialmente dialógica e tem como objetivo a comunicação entre um falante e um ouvinte, entre o eu e o outro. Para o autor, a real unidade da comunicação discursiva é o enunciado, que está intrinsecamente ligado aos contextos verbal e extraverbal do discurso e às enunciações do outro. Dessa maneira, o outro é quem orienta a enunciação, uma vez que as escolhas linguísticas do sujeito falante são feitas sob a influência do destinatário e da sua resposta antecipada. Nessa perspectiva, analisaremos as estratégias de negociação utilizadas por uma dupla de estudantes universitários durante uma produção textual conjunta, a fim de verificar de que maneira um influencia o outro no processo de enunciativo, fazendo com que um dos componentes da dupla se sobressaia. Para alcançar nossos objetivos, utilizaremos dados do processo de construção de uma resenha acadêmica escrita pelos estudantes M. e M.L., a partir do curta metragem Vida Maria. Nossos dados revelam que os escreventes adotaram posturas opostas: enquanto M. esteve mais aberto às ideias do colega, sem insistir nas suas próprias, M.L. teve uma atitude mais defensiva, sempre argumentando em defesa das suas ideias. Dessa forma, podemos dizer que M.L. teve maior influência sobre M. e, consequentemente, suas escolhas linguísticas se sobressaíram no texto.
Agência de fomento: CAPES |
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