Este trabalho tem como objetivo apresentar o projeto de letramento literário desenvolvido na biblioteca de uma escola pública de periferia em Porto Alegre/RS, como uma alternativa para intervir na realidade e contribuir para a formação de leitores: essa comunidade possui um baixo índice de letramento e, como consequência, os alunos não possuem o hábito da leitura nem para estudo e menos ainda para fruição. Em contrapartida, é comum entre alunos o acesso ao Youtube para entretenimento. Nesse projeto, envolveram-se alunas adolescentes que, se constituindo como exceções no sentido de terem interesse por literatura, passaram a atuar como monitoras da biblioteca. Uma das intervenções proposta pelo projeto parte do uso do Youtube como ferramenta para conquistar novos leitores. A partir da criação de um canal, como um meio de alcançar sua comunidade, as monitoras passaram a ter voz, apresentando e discutindo obras escolhidas e lidas, com autonomia, trazendo seus pontos de vista e provocando curiosidade sobre o mundo da leitura. Para fins deste trabalho, entende-se por leitura de fruição, aquela realizada por prazer, que se busca para momentos de deleite. Defende-se também que letramento literário é uma das possibilidades de envolver o leitor em diversas práticas sociais de leitura, escrita e interpretação e que isso deve ser ofertado na escola. As análises feitas até o momento permitem afirmar que as intervenções têm se mostrado eficientes, visto que, além do número considerável de acesso aos vídeos, temos notado aumento no número de alunos indo até a biblioteca, procurando, justamente, as obras divulgadas pelas monitoras. Acredita-se que o empoderamento de alunas da própria comunidade, que ganharam voz a partir da divulgação da literatura, tenha aumentado o potencial dessa intervenção. Utilizamos como aporte  teórico: COSSON (2006), LAJOLO (2018; 1993) e outros significativos para a ação de ensino de formação de leitor e letramento literário.