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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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Das potências e repercussões da violência na contística urbano-periférica: uma leitura do conto O preso, de Moreira Campos.

Autores:
Luiza Sâmia Evangelista Lima (IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará) ; Gabriela Regia de Oliveira Lima (IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará)

Resumo:

O objetivo da proposta (em construção) é discutir a reverberação das dimensões da violência na cena contemporânea, especificamente, no bojo da construção das narrativas literárias urbanas. Assim, através da leitura do conto O preso, de Moreira Campos (1914-1994), é possível constatar a presença de violência, primeiro na instância física e, consequentemente, na social. Na física, lê-se o encarceramento de um sujeito (Inácio) idoso, humilde, tipicamente localizado nas camadas subalternas de uma sociedade, materializada pelo narrador (em terceira pessoa) como subdesenvolvida, abandonada e desigual. A polícia é o agente empreendedor dessa violência. Prende e o priva o velho por ter ferido, acidentalmente, uma das crianças que o agrediam na rua, por conta de seu defeito físico (“caroço” na face). Ato contínuo, essa violência se converte também em social, uma vez revelado que tal criança era o filho do juiz local, prevalece a primazia de uma classe (o magistrado) sobre a própria dignidade da pessoa humana, uma vez que o ferimento resultou da autodefesa do insultado, contra o grupo de crianças que o perseguiam e atormentavam na rua enquanto vendia suas bananas. A justiça é injusta porque defende uma classe, um status em detrimento da ordem e harmonia social.

O que nos revela esse duplo embate na tecitura desse conto? Qual a potência efetiva da violência numa proposta de reflexão crítica sobre a dinâmica do espaço urbano-periférico e suas desigualdades? E mais: como a escrita contemporânea nos ajuda a pensar este espaço contrastado?

Para sustentar essa análise nos auxilia a recorrência basicamente a três perspectivas teóricas: a Teoria Crítica (HORKHEIMER, ADORNO, MARCUSE, BENJAMIN e HABERMAS), à Crítica Pós-Colonial (SAID, CÉSAIRE, FANON, GAYATRI SPYVAK, BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, HALL e BHABHA) e, por fim, a Teoria da Representação Social (MOSCOVICI, 2003). A metodologia será a análise que parte da imanência do texto à sua contextualidade histórico-geográfica.