O presente trabalho propõe uma leitura de parte das Teses sobre o conceito de História de Walter Benjamin, analisadas por Michel Löwy em Aviso de incêndio, relacionando cada tese com o cenário político brasileiro atual. Em Aviso de incêndio, Michel Löwy analisa as teses sobre o conceito de história de Walter Benjamin e nesse movimento de olhar para o texto, olha, em alguns momentos, para seu presente, atualizando os princípios de Benjamin e legitimando seu pensamento. Assim, como uma boneca russa, Benjamin olha para o seu passado e seu presente, Löwy olha para Benjamin e para seu presente, e aqui, neste trabalho, será feito o mesmo com Benjamin, Löwy e o presente. As teses de Benjamin são a fala de um homem marcado por um presente do qual era impossível se afastar, por isso, ao escutá-las, escuta-se a história de um passado muito próximo do presente.
Por isso, para cada tese de Benjamin, será apresentado um presente que anuncia o golpe fascista no Brasil, mas, ao mesmo tempo, paradoxalmente, resiste a ele. Resistência fundamental para evitar a catástrofe iminente, pois, ao contrário de seus contemporâneos, Benjamin se mostra pessimista e afirma que o presente deve ser construído de mãos dadas à consciência crítica e o progresso deve ser interrompido para que a revolução seja possível. Para relacionar o presente e o passado, será necessário um diálogo com o estudo do historiador Jorge Ferreira sobre a Ditadura Civil Militar de 1964 e com o artigo de Antonio Candido, “O direito à literatura”, usando os poemas de Murilo Mendes e Manoel de Barros como um caminho para a defesa da dignidade humana e, consequentemente, da democracia.