O objetivo deste trabalho é analisar os modos como alunos do Ensino Fundamental II constroem seus objetos de discurso em textos escritos argumentativos e como esta construção se relaciona com as estratégias argumentativas desenvolvidas em seus textos. A perspectiva adotada nesta análise é a da referenciação (cf. MONDADA e DUBOIS, 2014[1995]; CAVALCANTE, 2003; CAVALCANTE e LIMA, 2015; KOCH, 2011), segundo a qual a língua é uma proposta de categorização do mundo, de tal modo que os sujeitos, em seus enunciados, refletem e criam objetos e categorizações, razão pela qual estes objetos são chamados referentes ou objetos de discurso, afinal, são criados discursivamente, não preexistindo à língua. Assim, a referenciação debruça-se sobre os processos de construção dos referentes, os quais são elaborados de modo estratégico, interativo e tendo em vista o contexto de produção, podendo ser fundamentais para a argumentação desenvolvida no texto, como reforçará o presente trabalho, que apresentará os resultados de pesquisa de mestrado realizada sob orientação do Profº Drº Sandoval Nonato Gomes-Santos. A partir de um corpus formado por um conjunto de 103 redações de alunos de todos os anos da referida etapa da escolarização básica, todos estudantes de uma escola da rede municipal de ensino da cidade de São Paulo, serão evidenciadas as maneiras pelas quais eles introduzem e retomam os objetos de discurso em seus textos, e como esses processos de construção e progressão referenciais contribuem para constituir as estratégias argumentativas que eles utilizam, dentre as quais se destacam: descrição dos fatos, argumentum ad consequentiam, argumentum ad misericordiam e reciprocidade (cf. PERELMAN e TYTECA 2014[1996], FIORIN, 2015). A partir de tal diagnóstico, será possível refletir sobre a relevância que a teoria da referenciação pode ter para as práticas de ensino de argumentação.