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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Empatia, pathos e xenofobia: a dignidade humana à luz da Educação em Direitos Humanos e da Análise do Discurso.

Autores:
Virgínia Leal (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)

Resumo:

No mundo contemporâneo, inscrito na pós-modernidade, fenômenos como xenofobia, racismo, intolerância religiosa, e tantos outros, reclamam pesquisa, ainda que aspectos de ordem sociológica, econômica e política, já tenham sido amplamente discutidos e pesquisados (BAUMAN, 2017; CERNADAS, 2016; PEIXOTO, 2017, entre outros). Os liames de uma descrição e interpretação do preconceito, sob a ótica de práticas jurídicas e discursivas, com o campo da efetivação de uma Educação em  Direitos Humanos-EDH são claros. Esta comunicação pretende enfocar a urgência de uma EDH,  a partir dos conceitos de pathos advindo da  Análise do Discurso vinculada aos trabalhos de Maingueneau (2005, 2008, 2013, 2014)  e Charaudeau (2008, 2013, 2014);  e do conceito de empatia, desenvolvido por Lynn Hunt (2009) no campo dos direitos humanos. Tomando como corpus o filme Olhos azuis, analisa cenas em um posto alfandegário dos EUA. Trata-se de obra ficcional do diretor José Joffily – dos premiados Quem matou Pixote? e Dois perdidos numa noite suja. O objetivo é demonstrar de que modo os discursos e seus efeitos sobre os interlocutores vão constituir o solus por meio do qual a empatia é construída; bem como tratar estes elementos discursivos como materialização da ideologia. O interrogatório fílmico permite inferir modos explícitos e subliminares (mais sofisticados) de abuso de poder que perpassam relações assimétricas entre autoridades e “cucarachos”. O filme permite, no âmbito das relações entre Educação, Direito Humanos e Artes, refletir sobre o papel dos discursos na perpetuação de preconceitos bem como levantar novas indagações sobre os modos concretos como a dignidade humana vem sendo efetivada na contemporaneidade. Finalmente, chama a atenção para o fato de que o tema é relevante e justificado quando se observa o tratamento no Brasil dado aos imigrantes bolivianos, haitianos e, recentemente, venezuelanos – com debates sendo alçados à condição de matéria de apreciação do STF.