O objetivo deste trabalho é apreender a identidade de funcionamento do verbo DAR em contexto explícito. Para atingir nossos objetivos, propomos, do ponto de vista teórico, a articulação do verbo DAR com os processos de contextualização de uma invariante dinâmica na prática de produção e reconhecimento interpretativo de enunciados. Fundamentados pelos pressupostos da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas, assumimos a hipótese de que os enunciados estão construídos sobre uma invariante dinâmica subjacente (formalizada por um conjunto de operações, tais como a localização, a quantificação e a qualificação) que regula (equilibra) o diálogo e controla (direciona) a construção da significação. Já, do ponto de vista metodológico, propomos a simulação – através da parafrasagem e da desambiguização – e a formalização – através de um sistema de representação metalinguística – de um vaivém constante entre dados empíricos que induzem conteúdos formalizáveis na prática de construção de significação em língua portuguesa e a análise teórica que deduz processos generalizáveis ou a possibilidade de se passar de um enunciado a outro. Observando a atividade linguageira, concluímos que, quando verbo “pleno”, DAR é, de um lado, uma marca de acesso à agentividade que está na origem de uma expectativa de estado resultante (“alguma coisa dada”) e, de outro lado, uma marca aspecto-modal do contexto encaixante que contribui para a validação da relação e para a construção de estado resultante; quando verbo “suporte”, o verbo DAR é marca de alteridade constitutiva e de bloqueio à agentividade que poderia encarnar a nominalização da construção "DAR+N+em X” e conduzir a representação a um estado resultante. Em suma, no processo constitutivo do enunciado, o verbo DAR é marca de uma avaliação do contexto encaixante sobre a representação em construção em relação a uma expectativa de representação, numa situação enunciativa particular.