Considerando o léxico de uma língua como um patrimônio vocabular de uma comunidade linguística, reconhece-se a Onomástica, ramo da Lexicologia que estuda os nomes próprios de pessoas (antropônimos) e de lugares (topônimos), como uma fonte de estudo da língua e sua relação com a cultura de um povo.  Nessa perspectiva, por entender que, além de testemunhar a história de uma cultura, a toponímia muitas vezes sobrevive a ela, pretende-se ilustrar, neste estudo, a tendência da toponímia brasileira de considerar os recursos vegetais como a fonte de maior inspiração para a nomeação de acidentes humanos, tomando por base os designativos dos seguintes municípios do estado da Bahia: Angical, Buritirama, Camaçari, Cansanção, Juazeiro, Mucugê, Mucuri, Pau Brasil, Quixabeira, Umburanas e Xique-Xique. A escolha desses topônimos para ilustrar essa análise relaciona-se ao fato deles apresentarem uma forte relação entre a espécie vegetal e o bioma onde o município se insere. Com isso pretende-se demonstrar que, ao se deslocar do sistema lexical e assumir caráter denominativo, um signo comum e arbitrário de língua conecta-se de forma permanente ao lugar representado. Para a análise do corpus, foram utilizados os pressupostos da taxonomia proposta por Dick (1990) para um trabalho toponímico, apresentando os dados coletados contendo informações referentes aos aspectos etimológicos, morfológicos, motivacionais, históricos e culturais dos topônimos.