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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


SOM IMAGINÁRIO: PARTITURA TEXTUAL EM OSMAN LINS

Autores:
Poliana Queiroz Borges (UFG - Universidade Federal de Goiás)

Resumo:

A partitura é a representação musical em um sistema de escrita padronizado mundialmente, com simbologia própria que se associa aos sons, de modo a orientar uma determinada execução que mais se aproxime à ideia do compositor. Porém, a escrita partitural admite muitas outras nuances ressoantes e para cada uma delas há um tipo de representação de expressividade técnica. Nesta pesquisa, propõe-se buscar as referencialidades musicais para o texto osmaniano, considerando o aspecto partitural em sua plenitude de sinais que evocam uma “sensação sonora”. Essa sensação, que é mais perceptível pelo ouvido interior do que pelo exterior, se faz última divisa da própria linguagem, uma vez que é evocativa de um estágio expressivo que requer do leitor um “segundo grau” de imaginação: a manifestação sonora do texto literário, que no nível da hipótese, é sempre uma aspiração na clave dos estudos entreartes. Propõe-se, então, uma leitura partitural de “Pastoral”, sétima narrativa de Nove, novena (1966), em relação com as chamadas músicas programáticas, como é o caso da Sinfonia nº 6 em fá maior Op.68, de Beethoven, também chamada Pastoral. As repercussões sinestésicas são o ponto alto de contato entre a música programática e o texto osmaniano em análise. Dessa maneira, “Pastoral”, de Osman Lins, será tomada como campo acústico de interseção entre linguagens em seus parâmetros estruturais, com vias ao estabelecimento de uma melopoética que incorpora os textos do escritor pernambucano a uma tradição que atravessa os séculos de história da arte. A análise aqui proposta dialoga com os estudos de Mário de Andrade, Mikhail Bakhtin, Otto Maria Carpeaux, Solange Ribeiro e R. Murray Schafer.