(Re/Dis)pensando as relações gramaticais no PB: uma análise léxico-funcional | Autores: Jessé de Sousa Mourão (UFC - Universidade Federal do Ceará) |
Resumo: As relações gramaticais, como "sujeito" e "objeto", são construtos amplamente utilizados nas diversas teorias linguísticas, mas com definições e aplicações variadas e mal compreendidas (MARANTZ, 1984). A postulação desses construtos abstratos é normalmente motivada pela necessidade de explicar a capacidade que falantes de uma língua têm de relacionar forma e significado. as relações gramaticais serviriam então como generalizações das possibilidades de realização formal dos argumentos semânticos verbais (PERINI, 2015; BRESNAN et al, 2015; KIPARSKY, STALL, 1969). Autores como Bhat (1991) e Perini (2015, 2016) questionam a relevância empírico-teórica desses construtos. Perini, por exemplo, propõe para o Português Brasileiro (PB) a eliminação de todas essas relações gramaticais, exceto a de sujeito. Neste trabalho, estendemos ainda mais a análise de Perini e propomos a eliminação de todas essas relações. Objetivamos, portanto, investigar se uma gramática formal do PB pode modelar o mapeamento entre sentido e forma sem recorrer a essas relações gramaticais. Essa proposta de formalização foi baseada na teoria da Gramática Lexico-Funcional (LFG) (BRESNAN, BRESNAN, 1982, 2001; DALRYMPLE, 2001; BRESNAN et al, 2015) e nas análises de Perini (2015, 2016). Para tanto, elaboramos um fragmento de gramática do PB no formalismo LFG, contendo um conjunto de regras de estruturas sintagmáticas anotadas com funções semânticas (ex.: AGENTE, TEMA etc.), em vez de funções gramaticais; e um léxico, com entradas verbais contendo estruturas argumentais definidas em termos de funções semânticas. Essa gramática foi implementada no ambiente computacional Xerox Linguistic Enviornment e testada por meio da análise automática de conjuntos gramaticais e agramaticais de sentenças simples do PB, e os resultados gerados foram analisados. Análises preliminares mostraram que a gramática forneceu as análises sintáticas e semânticas esperadas para as sentenças testadas, indicando a não necessidade do nível intermediário das relações gramaticais para o mapeamento entre os argumentos verbais e as respectivas expressões sintáticas.
Agência de fomento: CAPES |
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