Muitas pesquisas têm sido desenvolvidas abordando a questão social da língua. Através da linguagem, temos a construção do indivíduo, sua identidade, seu pensamento e também a sociedade em que ele vive. E isso é um viés de mão dupla, pois a sociedade também influencia a construção da linguagem, suas variações e modificações.
Em vista desta interdependência entre língua, cultura, identidade e povo (ANTUNES, 2009), este trabalho buscou, a partir da análise do gênero Memórias Literárias, observar a contribuição do senso histórico para a construção da identidade do indivíduo, bem como, para a identidade cultural e social.
O trabalho foi realizado com alunos do sétimo ano da escola pública e, com eles, buscamos analisar o discurso de dois trechos memorialistas: “Transplante de menina” de Tatiana Belinky, “Parecido mas diferente” de Zélia Gattai, evidenciando recursos estilísticos e expressivos: a descrição dos sentimentos, fatos e sensações, os jogos com as palavras e a linguagem figurada, sobretudo, a metáfora. Também destacamos a utilização do texto literário como espaço à subjetividade e as transformações mobilizadas pela sua leitura. (Petit, 2010)
A partir desse estudo, e pesquisas realizadas com a comunidade escolar, os alunos compreenderam a influência da memória narrada de forma literária, assim, compuseram suas próprias produções, compartilhadas entre eles.
Nossa proposta de trabalho realizada, e aqui compartilhada, propõe um tratamento nas aulas de Língua Portuguesa em que se considere a importância do engajamento social de nossos educandos. Que eles tomem conhecimento sobre o local em que vivem, seu contexto histórico cultural e que sejam críticos, reflitam, ressignifiquem suas leituras.
Os alunos conseguiram analisar os textos, seus recursos estilísticos e expressivos, apreendendo a construção de sentido da linguagem figurada como recurso que reconstrói a realidade, além disso, desenvolveram autoria nos textos que produziram a partir das motivações realizadas.